26 de outubro de 2013

RUMOS DO SÉCULO XXI

Talvez estejamos mesmo atravessando a fronteira que separa a Idade Moderna (ou Contemporânea) de uma Nova Era. O mundo marcado pelo humanismo, antropocentrismo, racionalismo e pela predomínio das democracias liberais tem dados sinais de que está prestes a ruir, pois muitas de suas bandeiras veem a cada ano perdendo sentido, prestígio e sendo questionadas ou substituídas por outras. 
O mundo que gerou um tipo específico de comportamento social, familiar, religioso, cultural, político, econômico, estético, moral... praticamente não existe mais, o que resta dele são sombras, memórias e rituais que cada vez mais soam inoportunos ou inadequados. 
As reações que se levantam hoje contra as novidades na medicina, na tecnologia, na política, na mídia, podem ser percebidas como sintomas desse mundo antigo que não aceita ser substituído por seu sucessor.
Se você pretende viver sem preocupações e aborrecimentos, então esteja preparado para implantes de chips e ultravigilância pessoal, comércio legal de órgãos humanos, banalização da sexualidade (sem erotismo), ética narcísica, democracia totalitária (é, isto é possível), demonização da família nuclear, fascismo de grupos institucionalizados etc. etc.
Aos últimos dos humanistas, meu saudoso adeus, aos novos habitantes do planeta Guerra, divirtam-se.

SINTOMAS DA FRONTEIRA ENTRE ERAS:



18 de outubro de 2013

MASSAS ACÉFALAS?



Os protestos de junho geraram uma infinidade de interpretações. Para alguns, houve ali uma revolução radical, para outros, tudo não passa de um ato de rebeldia juvenil sem causa, há ainda quem vê fascismo, alienação, comportamento de ultra-direita...
De fato, como são múltiplas as reivindicações, algumas pontuais outras vagas, como são diversos os grupos participantes, de neo-anarquistas ao chamado "lumpesinato", é mesmo difícil dar uma única explicação para os acontecimentos. E como somos desejosos em atribuir uma causa e um sentido para as coisas, ficamos aturdidos diante de tantas causas e sentidos ou, pior ainda, da ausência deles. 
Mas uma coisa é preciso ressaltar: a manifestação violenta de populares não é algo novo, ela é recorrente nos países ocidentais há muito tempo, principalmente a partir do século XVIII, em que a concentração gradativa de grandes massas nas cidades e a progressiva experiência política foram desenvolvendo uma espécie de pedagogia do uso do espaço público.