8 de maio de 2011

OBAMA E O GOVERNO DOS EUA SÃO ASSASSINOS VULGARES

Qualquer coisa que eu disser é redundância. Portanto, basta o título e os textos de outros autores que seguem abaixo.

ROBERT FISK
FONTE: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/selecao-diaria-de-noticias/midias-nacionais/brasil/o-globo/2011/05/04/osama-foi-traido-claro-que-sim-coluna-robert-fisk


Osama foi traído? Claro que sim / Coluna / Robert Fisk



Robert Fisk

Uma pessoa de meia idade, um fracasso político a ser desprezado pela História depois que milhões de árabes foram às ruas pedindo liberdade e democracia no Oriente Médio, morreu no Paquistão.

E, aí, o mundo enlouqueceu. Osama bin Laden via a criação da al-Qaeda como sua maior realização. Mas a al-Qaeda não era uma organização que exigisse filiação oficial. Bastava acordar decido a integrá-la e pronto. E Bin Laden não era um guerreiro. Em sua “caverna” não havia computadores ou telefones para ativar bombas.

Por falar em cavernas, a morte de Bin Laden coloca o Paquistão na berlinda. Durante meses, o presidente Ali Zardari insistiu que ele vivia em uma caverna no Afeganistão. Agora, sabe-se que morava numa mansão no Paquistão. Bin Laden foi traído? Claro. Pelos militares ou os serviços de inteligência do Paquistão? Provavelmente pelos dois. O Paquistão sabia onde ele estava.

Abbottabad não é apenas sede da principal escola militar do Paquistão. A cidade — fundada pelo major do Exército britânico James Abbot em 1853 — também é o quartel- general da segunda divisão do Exército paquistanês.

Há cerca de um ano, procurei entrevistar outro “homem mais procurado do mundo”, o líder de um grupo que se acredita ser responsável pelo Massacre em Bombaim, Índia.

E o encontrei na cidade paquistanesa de Lahore, guardado por policiais paquistaneses à paisana armados de metralhadoras.

Claro que há várias perguntas não respondidas: Bin Laden poderia ter sido capturado? A CIA, os Seals da Marinha, as Forças Especiais dos EUA ou qualquer que seja o grupo militar americano que o matou não tinha meios de prender o tigre com uma rede? “Justiça”, declarou Barack Obama sobre sua morte.

Nos velhos tempos, porém, “justiça” significava um processo legal, uma corte, uma audiência, uma defesa e um julgamento. Assim como os filhos de Saddam, Bin Laden foi abatido. Certamente ele nunca quis ser capturado vivo, e havia baldes e baldes de sangue no quarto em que ele morreu.

Mas um julgamento traria mais preocupações para algumas pessoas do que o próprio Bin Laden. Afinal, ele poderia revelar os contatos que teve com a CIA durante a ocupação soviética do Afeganistão, ou seus encontros em Islamabad com o príncipe Turki, chefe da inteligência da Arábia Saudita. Assim como Saddam — que foi julgado pelo assassinato de apenas 153 pessoas e não dos milhares de curdos que matou com gás. Saddam foi enforcado antes que tivesse a chance de contar como obteve dos EUA as matérias-primas para fazer o gás, ou sobre sua amizade com Donald Rumsfeld e a ajuda militar que recebeu depois que invadiu o Irã em 1980. Nos anos depois de 2001, mantive uma fraca comunicação indireta com Bin Laden, tendo uma vez me encontrado com um de seus aliados da al-Qaeda no Paquistão. Escrevi uma lista de 12 perguntas, a primeira delas óbvia: que tipo de vitória poderia querer se suas ações resultaram na ocupação americana de dois países muçulmanos?

Não houve resposta por semanas até que fui informado de que a al-Jazeera tinha obtido uma nova fita de áudio de Bin Laden. E, uma por uma — e sem me mencionar — ele respondeu minhas 12 perguntas. E, sim, ele queria que os americanos invadissem países muçulmanos, para que pudesse matá-los.

Até agora, recebi três telefonemas de árabes certos de que os americanos só mataram um dublê de Bin Laden. E caberá à própria al-Qaeda esclarecer isso. Claro que, se estivermos errados e o morto for mesmo um dublê, em breve veremos surgir uma nova fita de ameaças do verdadeiro Bin Laden — e o presidente Barack Obama vai perder as próximas eleições.

ROBERT FISK é colunista do “Independent”

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CARLOS HEITOR CONY
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0805201105.htm

Corpo de delito

RIO DE JANEIRO - Os desavisados leitores que, por masoquismo, atentam para as minhas crônicas, devem estar lembrados de minha preocupação pelos ossos de Dana de Teffé, cujo corpo nunca foi encontrado, razão pela qual seu assassino não respondeu por nenhum processo.
Sem cadáver não há crime. O Brasil passou um ano procurando o corpo. Não houve osso de galinha ou de cachorro que não tenha sido examinado pelos institutos de criminalística.
Pulando de Dana de Teffé para Osama bin Laden, ficaremos mais ou menos na mesma situação. Jogaram um troço qualquer no mar, fica a critério de cada um acreditar na história.
Se aparecerem fotos, haverá suspeita de montagem, efeitos especiais etc. Pelas leis do direito penal, não servirão de prova juridicamente incontestável.
Os delicados pruridos de Barack Obama, poupando o olhar da humanidade de um cadáver mutilado, são discutíveis. Os atentados terroristas são exaustivamente publicados, com as autoridades sem o escrúpulo de chocar a sensibilidade dos povos.
Pelo que se sabe, nos últimos anos, o terrorista estava desativado, morando numa casa com mulheres e crianças, na hora em que foi descoberto estava desarmado. Parece improvável que daquele abrigo ele pudesse comandar, traçar a estratégia e o financiamento das operações criminosas.
Era um símbolo do mal, responsável pelo maior crime dos tempos modernos, comparável a um Hitler ou a um Stálin.
Estão abertas, a partir de agora, diversas teorias conspiratórias que alimentarão os fundamentalistas do terror. Obama declarou que a justiça foi feita.
Qualquer consciência condenaria Bin Laden à morte. Contudo, do jeito que ele morreu, não foi caso de justiça, mas de vingança pessoal.

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