Ingresso do Rock in Rio 85 |
O Rock in Rio 2011 está aí, 26 anos depois do primeiro, que marcou época. Boa hora pra fazer algumas reflexões e perceber algumas mudanças que ocorreram durante este tempo.
Em 85 as pessoas se comunicavam por carta e telefone (interurbano era uma fortuna), não havia msn, torpedos, blogues nada disso. A mídia alternativa consistia em jornaizinhos mimeografados (confira na Wikipédia o que é isto) ou xerocados (estes passaram a receber o nome de zines).
Quase não havia espaço na imprensa para o universo do rock, notícias sobre grupos, músicos e shows eram garimpadas com frenesi pelos novos e velhos cabeludos, com visual hippie ou metaleiro. Fotos? Nem pensar. Quem tinha algum exemplar da antiga Pop, colorida e repleta de fotos, era um privilegiado, dono de um capital capaz de chantagear qualquer um em busca de imagens e informação.
Neste período surgiram a Pipoca Moderna, Roll, Metal, Rock Brigade e depois a inesquecível Bizz, consequência direta do aumento do público (e consumidores) do mercado do rock. Blitz, o Rock Brasil, assim como o Rock in Rio e a sequência de shows que começaram a chegar aqui são a prova disto.
O festival mítico que habitava o consciente coletivo era Woodstock, mas isso já havia acontecido há 16 anos, e para minha geração, na casa dos 18, era um outro tempo, parecia outro planeta. São estas experiências que provam que o tempo não existe, o Verão da Paz e do Amor, um vácuo de 16 anos, estava muito mais distante de mim naquela época do que o "recente" Verão da Lata (1988) está para mim hoje.
O Brasil começava a transição para a democracia e a legalização dos outrora partidos clandestinos, que faziam nossa cabeça no movimento estudantil, anos antes. O carro brasileiro era "uma carroça", videogame era Atari, shopping não existia, pelo menos no brasilzão em que 99% dos roqueiros moravam. Ser roqueiro significava ser identificado pelo visual e comportamento, além das ostensivas capas dos elepês levados debaixo do braço pelas ruas da cidade. Elepês eram os discos de vinil que ouvíamos em aparelhos de som chamados 3 em 1 (rádio + tocador e gravador de fita cassete + toca-discos). Como se vê, mudou muito em matéria de tecnologia, mas os desejos eram um tanto parecidos, obter informação, gravar, trocar informação, formar grupos a partir das preferências etc. A indústria se sofisticou, o público aumentou, o país mudou, mas é engraçado esta sensação de que por um lado está tudo tão diferente e, por outro, tudo está tão parecido.
Queria ter vivido essa época... Um pouco saudosista da minha parte mas quero conviver com rockeiros como esses aí que você citou! O que eu vejo hoje é um monte de gente desencontrada, não sabe exatamente o que gosta, não sabe o que é rock in roll como antigamente isso era bem definido. Hoje infelizmente gostar de rock não denota atitude... virou modinha e faz parte dessa grande indústria cultural e as pessoas não se dão conta disso.
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